sábado, 22 de abril de 2017

I - Querido amigo





A gente não se encontra mais,
nossos olhares e saudades custam presenças que partiram antes.
Ainda sorrimos um pouco
antes da palavra atravessada que vem de mim ou parte de ti.

Não posso consertar isso...
Perdão... não posso.

Eu tentei uma carta,
escrita  num soluço,
como mão que salta do papel apenas quando encerrado o que vacila o coração...
Eu te escrevi, lembra?
À ti, sobre ti, em ti.
Como se pudessem as palavras mudar o mundo.
Tolo!
Poeta perdido em suas próprias histórias.

A gente não se encontra mais.
Crescer tem disso, esqueci de dizer,
Ninguém aparece para juntar as folhas que você chutou no quintal.
Seus soluços fora do tom,
Desdizer...
Quem sabe se fosse possível desdizer...
"Você estragou a minha quinta"
"São péssimos meus passos quando só me sobra ti"
"Foram difíceis minhas horas com ele"
"Tenho medo de dizer qualquer coisa"
"Nada mais digo, são suas todas as verdades"...
Desouvir...
Desouvir, talvez, fosse o melhor caminho para dar-te de novo as mãos e ficar com toda essa raiva que sente de mim.


Desamá-lo, agora, é a maior justiça que faço ao nosso afeto.
dar-te-á fruto que não alcanço e eu... Crescerei meus galhos até o vento,
abrirei meus poros para ouvir...
- Você é especial - te disse...
Agora careço dos que me sintam assim também.
Sou vento... Sou galho solto no ar.
abraço apertado,
a palavra sim,
o desespero,
a calma...
A pessoa que olha sem graça na tentativa quase trôpega de dizer:
A gente não se encontra mais.


Wanderson Lana
22/04/2017



Um comentário:

Darci Junior disse...

Inspirador,sutil... "Você é especial".