terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A Primeira Valsa




Senti em minha pele o seu rosto
Nenhuma melanina me protegeu
em sua fala, substantivo composto
em meu coração o apogeu.

Dançando, dançando e dançando
minhas mãos perderam o pudor
Foi tocando, sentindo e amando...
amando tanto sem fazer amor.

Foi incrível o calor de seus dedos
Tão parados correndo em minhas costas
meus desejos, segredos e medos
minhas vidas, com música, expostas.

. . .

Mas não pare orquestra, não pare!
Deixe vôo alçar essas pernas
ponham os dedos no piano e amor dispare
enquanto faço, devagar, juras eternas.

Eu não ligo p'rás verdades obscuras
descobertas nessa valsa inebriante
só me importa suas três mechas escuras
Eu só quero nessa valsa ser amante.

. . .

A sala escura e arejada assistia
o rodopiar de um Urutau sem cor
que camuflado - se apossou da cotovia
que encurralada - se entregou ao novo amor.

Nostalgia e inveja nos olhares
alguns pedidos para o piano cessar
seu suspiro foi roubando ares
e a orquestra foi parando o seu sonar.

Findou-se a dança e estava tudo "tudo bem"
Separo os corpos e já sei o que dizer
surpreendente tu me cortas com um "também"
Já em resposta ao meu "eu amo você".



Wanderson Lana