domingo, 10 de outubro de 2010

Passarinhos não devem voar




Não... Deixou-se levar, passarinho...
Estava aquecido e quis voar...
Lembrou, agora, que o vento é forte
E machuca o seu olhar cansado.

O repouso incomodava, passarinho.
Parado, sentiu vontade em se atirar.
Lembrou do primeiro vôo, o receio, o medo...
Lembrou e mesmo assim voou.

Voar agora dói, passarinho
E o ninho, quente, o faz querer alçar.
Busca um som, uma canção que acalenta... Que seja doce
Que seja doce...
E percebe que as canções assim só ele... só ele sabe compor.

Está fora do ninho, passarinho.
Livre, mas sem ter para onde rumar,
Não se arrepende e nem se alegra, fica assim...
Pensou que seria diferente, mas essa brisa, feliz da primavera, é sempre igual.

Você quis voar, passarinho...
Sabia de tudo e quis voar.
Deixou-se, estava parado e no ninho...
Livre, compõe uma canção que apenas sua noite irá entender...

Passarinho.
Passarinho...

Wanderson Lana
     10/10/2010