terça-feira, 21 de junho de 2011

A lápis



Não foi rabisco,
E ainda assim toda escrita a lápis.

Nos campos do romantismo, onde pássaros e flores ornavam o cenário
E o vento certo carregava um futuro que era possível alcançar,
Palavras ditas e silenciadas não existem mais...
Acreditar no baú que guarda é se perder do tesouro.
Então olho o branco da folha,
Sinto uma história
E até afirmo poder ver,
Mas no branco da folha, só há o branco...

- Eu sinto... eu sinto...
E crio histórias de sentir,
Histórias de chorar,
Histórias de amor...
Que estavam ali, – Eu juro!
E que agora eu crio.

Você me escreveu a lápis,
E já não escavam vestígios meus em seu peito.
Sempre volta para as coisas que me afastam e lá
Permanece seguro, entendo... E me afasto.
Estou quieto...
Choro a noite por ter escrito assim, com letra bonita e cuidadosa,
Com uma tinta que demora, mas sai.

Chorou e ainda chora pela partida de outros amores,
Mas à minha se alegra, embarca a escrever
Em rascunhos as verdadeiras palavras de amor
Que a borracha não apaga...
Apaga a mim... Papel em branco, não há mais nada.
Foi escrito a lápis,
Se lembra, é com segredo e não sorriso.

Não é raiva, ou dor ou solidão...
É tristeza de um coração dizendo:
“Se era preciso escrever a lápis, não escrevesse então”.


Wanderson Lana
      21/06/2011