Cada vez mais , nas costas da pobre formiga, pesava viver…
Desequilibrava-se diante dos contornos e vultos que eram colo e agora apenas transitava entre excesso de palavras e faltas de ações.
Deveria, eu ia, ajudaria, abraçaria - abraçar no futuro do pretérito não deveria ser permitido…
Perdeu o caminho.
Não entendia o mundo em que amar era esforço e não privilégio.
O mundo em que não pesava nada ver o amigo partir…
Escreveu nas folhas que carregava algo bobo, para deixar ir com o vento
- as palavras e a folha das palavras -.
O mundo já não lhe cabia assim,
Não sei precisar mais.
Dormiu e não amanheceu,
Sumiu da casa para a qual sempre voltava
Ou da vida que lhe pesava as costas…
Dela, só sobrou um poema numa folha que o vento não deseja entregar…
Ah… poderiam tanto agora que você partiu,
Amavam-te tanto agora que você não está,
Ainda mais palavras agora que não podia ouvir,
Tantas promessas que poderiam ser e não foram
- culpa do tempo, dos outros, do cansaço dos dias… -
Só houve possibilidades quando você não existiu…
Então, por favor, não se sinta mal.
Só repouse onde o amor é maior ou continue os passos…
Saudade que quer permanecer saudade é remoso ao coração.
No espelho a minha frente, sobre minha cabeça,
Reflete antenas de uma cansada formiga…
Wanderson Lana
13/02/2024