sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Brinquedo velho, jogado no chão

 

Eu estava correndo de novo,

Girando inocente,

Gastando sorrisos...

Espelhando a pouca ternura

Que essa nova idade ainda consegue prover.

 

Alheio às vaidades que se fizeram eu,

Injusto aos caprichos que alicerçaram eu,

Atirei-me em suplícios, pedidos bobos...

 

Há pouco implorava carinho, presença, afeto,

Tal como o limitado escritor que performo

– Falhando em escrever a vida –

Surpreendo-me tropeçando em tentar vive-la também.

 

Crendo que a saudades, que muito sinto, é retórica,

Enganando-me sobre ser condição a ausência e não escolha,

 

Brinquedo velho jogado no chão,

Guardião saudosista de uma ética que o próprio peito inventou...

Estúpido, estúpido, estúpido...

Enquanto perdia as asas na luta dos outros,

Ceavam os outros em brinde a minha estupidez.

Enquanto implorava aos outros abraços,

Percebi que não estava mais em alta “me abraçar”.

É tão ultrapassado ser assim...

 

Fiquei quieto, comigo, pequeno.

Escrevendo poemas, embriagando-me de vinho e do passado,

Ajustando-me para seguir assim.

 

Um bom aluno aprendendo a ser distante.

Eu, decepcionado, “deixando pra lá”.

 

 

Wanderson Lana

19/12/2028

15:48