Minha casa tem um portão de madeira e tem ferrugem
Tem um portão de madeira sem uma casa pra guardar
Fica ao relento, seguro.
Não cede ao vento, ao rústico, às palavras duras, nem às decepções.
Cede a você...
Ele se abre,
Faz entrar enquanto ainda está fora.
E quando ouço a tranca cerrar, ainda assim permanece.
Longe e está aqui.
Minha casa não tem casa – só portão.
Um portão de madeira enferrujado pela agonia que embrulha o estômago e não escorre.
Ferrugem brotada.
Resistente, trancou-se ao mundo
De todos os caminhos, de todos que bateram a porta, preferiu a agonia...
Preferiu amar ao amor.
Os pés, desgastados, não tocam o chão
Ao longe, parece inevitável desfacelar
Mas é seguro...
Resiste ao vento, ao rústico, às palavras duras... E a decepção?
Enfurruja...
Até um portão de madeira guardião sem casa, enferruja
Ao relento.