terça-feira, 14 de abril de 2020

Os quatro cavaleiros


Uniram-se quatro cavaleiros
Cansados da profundidade, falavam de si
De suas certezas do mundo, de suas certezas do outro,
Bebiam nomes alheios a quem descreviam com inconsequentes adjetivos...
Não seriam punidos,
Eram a imagem da gentileza, da bondade e da generosidade,
Suas cascas eram nobres,
Faltavam-lhes recheio,
Mas sabiam, tinham certeza:
O que fica dentro, longe das vistas, não importa.

Naquela noite o tempo resolveu ser cruel com os rasos,
Como faziam nos primórdios os Deuses,
E lançou sobre todo universo perigoso feitiço,
Cada palavra pesada sobre o outro,
Da sua vida "o outro" sairia.
E o capricho do tempo foi lançado,
Sobre a vaidosa caprichosa daqueles quatro.

Uniram-se quatro cavaleiros,
Que se desgostavam na distância
Porém, com almas iguais, juntos se entendiam.
Não percebiam, mas sob suas sombras não cresciam flores.
Embriagados, seus verbos se fizeram justificativas plausíveis de suas condutas,
Todas as maldades justificavam-se no outro,
E maldosos disseram um nome que irritou o universo.

O “Nome” corria sozinho e vacilou, o ar faltou por um momento,
Pensou coisas, sentiu medo
- Era um aviso dos céus –,
A partir daquele momento nada se encaixava...
Algo havia acontecido.
Ao cruzar com os quatro cavaleiros, de maneira separada - eram de lugares diferentes -,
Sentiu mudarem as coisas,
A gente olha diferente para o vidro trincado, pode machucar...

O Primeiro Cavaleiro soube do feitiço e não se importou...
Justificou-se e se apoiou na memória.
Tolo, ainda não compreendia que o universo não esquece.

O segundo cavaleiro pediu desculpas,
Polido, disse as coisas que acreditou que deveria dizer,
Mas esqueceu de sentir...
Não sabia que pelos olhos escapavam a verdade
A desculpa só aplaca quando resultado do remorso,
Essa desculpas, semelhantes às outras, 
Serviu para que ele sim seguisse em frente,
Era sobre ele... Sempre...

O terceiro cavaleiro desconhece,
Não sabe o que se passa e o que irá se passar,
Ferido, recusa-se em sofrer e, sem entender, fere.
Sempre foi o mais profundo, porém, se acostumou a superfície para pertencer,
Quem já escreveu sobre castelos, Iaras e verdes bolitas da cor dos olhos,
Não merecia perde-se assim...

O quarto cavaleiro também desconhece,
Hiperativo, joga quantos jogos forem necessários,
Cansa-se fácil por tentar mostrar o que gostaria de ser,
Esquece de entender-se,
Busca justificativas para alheias a si para distância,
Vaidoso,
Dribla de si todas as causas.

Uniram-se quatro cavaleiros,
Iguais em alma,
E ali decidiram matar a flor...
Mas o universo é borboleta, querido amigo, é borboleta.
Só entende quem prefere voar.


Wanderson Lana
14/04/2020

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