terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

A Formiga e a dificuldade de ficar



Cada vez mais , nas costas da pobre formiga, pesava viver…

Desequilibrava-se diante dos contornos e vultos que eram colo e agora apenas transitava entre excesso de palavras e faltas de ações.

Deveria, eu ia, ajudaria, abraçaria - abraçar no futuro do pretérito não deveria ser permitido…


Perdeu o caminho.

Não entendia o mundo em que amar era esforço e não privilégio. 

O mundo em que não pesava nada ver o amigo partir…

Escreveu nas folhas que carregava algo bobo, para deixar ir com o vento

- as palavras e a folha das palavras -.


O mundo já não lhe cabia assim,

Não sei precisar mais.

Dormiu e não amanheceu,

Sumiu da casa para a qual sempre voltava

Ou da vida que lhe pesava as costas…

Dela, só sobrou um poema numa folha que o vento não deseja entregar…


Ah… poderiam tanto agora que você partiu,

Amavam-te tanto agora que você não está,

Ainda mais palavras agora que não podia ouvir,


Tantas promessas que poderiam ser e não foram

culpa do tempo, dos outros, do cansaço dos dias… -


Só houve possibilidades quando você não existiu…

Então, por favor, não se sinta mal.

Só repouse onde o amor é maior ou continue os passos…

Saudade que quer permanecer saudade é remoso ao coração.


No espelho a minha frente, sobre minha cabeça,

Reflete antenas de uma cansada formiga…



Wanderson Lana

13/02/2024