segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Estórias de Heróis e Cavalos


E em meio uma vitória quase certa, o herói abre a guarda para proteger a princesa
Com um golpe póstumo, faz vítima seu algoz
Depois padece, por uma loucura de amor.

No seu ato imprudente fez-se outro
No seu ato imprudente inda herói

Agora o seu cavalo, amigo fiel, vaga sozinho e triste
Numa vida condicionada a ser cavalo de herói
Herói agonizando no colo da donzela
Que recebeu na estória o sacridício maior.
Pobre são os cavalos
que se condicionam ao amor
Que possibilitam
Se entregam ao sonho alheio
Que se apaixonam e não recebem.

Pobre são os cavalos:
simples necessidades.

Mesmo sendo capazes das maiores loucuras e fidelidades do amor
Ficam apenas com as migalhas das noites nostálgicas
Com as palavras que serão da donzela
E com dores tão menores que as suas.

E como são fiéis.
Porque mesmo livre, olhando o corpo do herói, sente nas costas uma obrigação quase senil
Chora como se algum autor fosse descrever sua dor
Permite-se fiel, permacendo ali até acreditar ser realmente o fim.

Talvez pensasse que o herói fosse se levantar
(E nessas histórias onde dragões são derrotados tudo pode acontecer)
Como uma idéia louca de redenção e liberdade, sentiu-se tênue
E pela primeira vez em todas as histórias de cavalos de heróis... partiu
Com medo de que ainda houvesse vida naquele cenário de heroísmo e de lágrimas de princesa.

Decidiu sofrer a dor que tinha
Que sempre teve
E que sempre iria carregar
Se o herói levantasse poderia trazer-lhe a esperança de ser diferente
E o cavalo já tinha rédeas no coração.

Rezou para que o herói morresse como todos os outros, pois ele viveria diferente dos que se faziam iguais a ele... Nessas estórias que falam de heróis e cavalos.


Wanderson Lana
02/11/2009