quinta-feira, 17 de junho de 2010

Portão de Madeira ao Relento


Minha casa tem um portão de madeira e tem ferrugem

Tem um portão de madeira sem uma casa pra guardar

Fica ao relento, seguro.

Não cede ao vento, ao rústico, às palavras duras, nem às decepções.

Cede a você...

Ele se abre,

Faz entrar enquanto ainda está fora.

E quando ouço a tranca cerrar, ainda assim permanece.

Longe e está aqui.



Minha casa não tem casa – só portão.

Um portão de madeira enferrujado pela agonia que embrulha o estômago e não escorre.

Ferrugem brotada.

Resistente, trancou-se ao mundo

De todos os caminhos, de todos que bateram a porta, preferiu a agonia...

Preferiu amar ao amor.



Os pés, desgastados, não tocam o chão

Ao longe, parece inevitável desfacelar

Mas é seguro...

Resiste ao vento, ao rústico, às palavras duras... E a decepção?

Enfurruja...

Até um portão de madeira guardião sem casa, enferruja

Ao relento.

Teimoso, só cede a você e a mais ninguém.



Wanderson Lana